quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Bons Livros....(51)





BROCK- O ROCK BRASILEIRO DOS ANOS 80


ARTUR DAPIEVE    (2002)


O autor Arthur Dapieve, para contar a história do BRock, divide os artistas em 4 categorias. A primeira dela contém os artistas da fase anterior ao surgimento rock brasileiro, propriamente dito. Nesta categoria estão Celly Campello, Roberto, Erasmo e a turma da Jovem Guarda, os Mutantes e Raul Seixas, considerado por Dapieve o pai do BRock.

A segunda categoria fala das principais bandas da década de 80: Vímana (cujos integrantes, Lobão, Ritchie e Lulu Santos fizeram muito mais sucesso separados do que juntos), Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Barão Vermelho, RPM, Legião Urbana, Ultraje a Rigor e Engenheiros do Hawaii. Conta-se a história de cada banda, desde o seu início até o ano de 1990.

A terceira categoria contém bandas da “segunda divisão”: não tão grandes, mas que também não passaram despercebidas. É o caso do Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens, Capital Inicial, Nenhum de Nós, Camisa de Vênus, Plebe Rude, Inocentes e Ira!.


A quarta categoria é composta por inúmeras bandas que tentaram alcançar o estrelato, mas não chegaram nem perto disso. Vale a pena citar o esforço (em vão?) de Hojerizah, Detrito Federal, Replicantes, Metrô, Fellini, Lagoa 66, Uns & Outros, Cascavelettes, Metrópolis e muitas outras.

Um dos aspectos que me chamou a atenção foi o fato de a maioria dos integrantes das bandas se conhecer antes da fundação, e alguns deles, como Lobão, Edgar Scandurra e Charles Gavin, tocavam em várias bandas ao mesmo tempo, eram quase onipresentes. Isso tornava o cenário do rock brasileiro, de certo ponto, até um pouco elitista, visto que a maioria dos músicos eram filhos de políticos, militares, professores, doutores e funcionários públicos, pertencendo assim às classes A e B.

Neste começo do rock também não havia competição acirrada: havia espaço para todos, e os integrantes dos grupos, de uma forma geral, até se ajudavam a conseguir contratos com grandes gravadoras. É o caso dos Paralamas do Sucesso, que conseguiram com que as bandas de seus amigos Renato Russo e os irmãos Lemos (das bandas Legião Urbana e Capital Inicial) conseguissem contratos com a EMI-ODEON.


Com o sucesso da Blitz, a primeira grande banda do BRock, houve uma certa pressão das gravadoras para que as bandas seguissem a mesma fórmula consagrada. Neste sentido, as outras bandas tinham até uma dificuldade para se conseguir tal liberdade artística para produzir seus discos. Felizmente, a maioria delas conseguiu impor o seu trabalho.

O circuito das grandes gravadoras era bem restrito: nos anos 80, havia apenas a EMI-ODEON, Som Livre, Polygram e Warner. Entre as rádios, a única que abria espaço para este novo gênero musical brasileiro era a Fluminense FM. E um fato curioso é que a maioria dessas bandas passou pelo Circo Voador na praia do Arpoador, nos poucos dois meses que este Circo funcionou.Não há muito mais o que comentar sobre o livro. Ele foi bastante interessante para mim, que não conhecia a história do rock brasileiro, exceto a de uma ou outra banda, como a Legião Urbana. Uma das minhas críticas é que o autor não foi impessoal ao escrever o livro, ele “puxa o saco” das suas bandas preferidas e deixa outras de lado. E o capítulo sobre os anos 90, faltou um pouco mais de cuidado com as informações sobre as carreiras das bandas, ele passa por cima sem dar importância alguma.

PS:  Bandas obscuras para o grande público também mereceram linhas ou ao menos citações, neste precioso documento histórico que ainda seleciona os mais importantes discos daquela época.
Esse é um livro para ler e ouvir ao som de pérolas como Bete Balanço, Você não soube me amar, Loiras geladas, Flores em você, A vida tem dessas coisas, Vital e sua moto, Chorando pelo campo, Fixação, Inútil, Sonífera ilha!, Música urbana, Eduardo e Mônica, Timidez...

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