terça-feira, 8 de março de 2011

Modo de Vida....


Straight Edge:
Abreviado para sXe ou SxE é um modo de vida associado a música Punk/Hardcore. Ele defende a total e perene abstinência em relação ao tabaco, álcool e as chamadas drogas ilícitas.

Teve como precursores a banda de Hardcore Minor Threat, que ficou famosa em todo o mundo, mas foi mais famosa em países industrializados como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e parte da Europa Ocidental. Embora os straight-edgers ou "edge kids" não se identifiquem com uma visão de mundo particular nos pontos de vistas sociais ou políticos, muitos deles estão associados à preceitos como o anarquismo, vegetarianismo, veganismo, socialismo, sustentabilidade e movimentos ecológicos.

No Brasil:

O movimento sXe chegou ao Brasil aos poucos. Durante os anos 80, a postura era rara, mas presente em alguns indivíduos dentro da cena punk. O primeiro registro de algo relacionado ao Straight Edge no país é a foto na contracapa da coletânea "Grito Suburbano" (o primeiro disco punk lançado no Brasil, de 1982), do vocalista do Olho Seco, Fábio Sampaio com um X pintado na mão.

Em 1989 foi formada em São Paulo a primeira banda “Straight Edge” nacional, o Energy Induct, que, no entanto não chegou a gravar ou fazer shows. Um de seus membros fundou anos depois o fanzine e selo Liberation e integrou a banda Point of No Return. O No Violence, fundado também em 1989 também foi uma das primeiras bandas nacionais a ser associada ao movimento, mas nem todos os membros eram adeptos da idéia.

No entanto, os primeiros exemplos inteiramente “Straight Edge” só apareceram em 1993 com as bandas Positive Minds e Personal Choice (encabeçada pelo atualmente controverso Fabio 'Nene' Altro, atual vocalista do Dance of Days). Poucos anos depois, o Positive Minds se transformou no Self Conviction, outra banda fundamental no início da cena no país. Todas essas bandas compartilharam membros e alguns deles formariam em 1996 o Point of No Return, que durante sua existência foi a mais conhecida e atuante banda “Straight Edge” do país.

Conforme surgiam as bandas, os membros e amigos (muitos ligados ao coletivo anarquista Juventude Libertária) passaram a organizar shows independentes, evitando bares e casas noturnas e inserindo algumas vezes atividades paralelas culturais e políticas. Estes shows foram o embrião da Verdurada, principal evento da cena “Straight Edge” nacional desde 1996, ocorrida inicialmente nos fundos de uma residência do bairro paulistano do Jabaquara, se mudando através dos anos para diversos galpões pela cidade, ocorrendo atualmente num galpão próximo ao metrô Jabaquara.

Em 1998 ano surgiu a banda Infect, formada por 5 garotas que tocavam um hardcore rápido e pesado, algo muito inovador para uma banda formada por garotas, visto que na época, era muito mais comum ver garotas tocando estilos musicais mais leves, como o rock ou até mesmo o punk rock. O Infect tratava em suas letras de temas como direito ao aborto, vegetarianismo, “Straight Edge” entre outros, e teve muito destaque dentro da cena “Straight Edge” brasileira e internacional, tendo seu material lançado na Europa e nos Estados Unidos.

Em 1999 surgiu no Rio de Janeiro a banda de metalcore Confronto, com Dudu Moratori no baixo, Felipe Ribeiro na bateria, Felipe Chehuan nos vocais e Max na guitarra. A banda Se tornou o maior nome dentro da cena Straight Edge com show em todo o Brasil e cerca de 4 turnês na Europa.

Recentemente a banda se prepara para o lançamento do dvd de 10 anos de carreira gravado em abril deste ano no Galpão do Jabaquara, além de uma apresnetação histórica ao lado das bandas Sepultura e Torture Squad no Festival Tomarock em Duque de Caxias.

Outra banda feminina que acrescentou muito a cena Straight Edge, com letras feministas, anticapitalistas, vegetarianas e ambientalistas foi One Day Kills, que surgiu no ano de 2000, e era formada por seis garotas que faziam um hardcore muito pesado com duas vocais guturais. Em seu site até hoje é possível encontrar textos que expressam a visão política que elas tinham com relação aos temas citados acima. As duas bandas fizeram shows inesquecíveis no festival Verdurada.

A Verdurada é um evento que mistura shows (na maioria das vezes de hardcore/punk, mas nem sempre) com outras atividades, como palestras, exposições e vídeos sobre temas políticos, culturais, ecológicos ou que sejam considerados relevantes por algum motivo. Alguns dos princípios básicos da organização são o não consumo e venda de álcool e cigarros dentro do local, o "Faça Você Mesmo", ou seja, a independência (nada de empresas ou patrocinadores por trás) e a auto-organização. O evento é realizado por um coletivo formado por pessoas ligadas à cena hardcore/straight edge.

Com o tempo diversos grupos copiaram o formato, gerando diversos eventos independentes, interligados ou não ao coletivo da Verdurada, como a Verdurada, os Libfests (ligado à gravadora inicialmente straight edge, liberation), Pirituba terror, Animal Liberation Fest, entre outros.

O 'X' da questão :

Durante uma turnê do Teen Idles, eles tocaram em um bar de São Francisco, Califórnia, chamado Mabuhay Gardens, onde se marcavam os menores de idade com um X na mão. Assim, os garçons não vendiam bebidas alcoólicas para eles. A banda gostou tanto da idéia que levou-a para casa, onde vários clubes e bares adotaram a mesma política. Com o tempo, os adeptos da filosofia Straight Edge começaram a usar o X até fora dos bares, e mesmo depois de completarem a idade legal para beber. Assim, ele acabou se tornando o símbolo do movimento.

Algumas pessoas Interpretam os três “X" como a representação de "corpo", "mente" e "alma". Outros como símbolo da letra da música "Out of step" do Minor Threat: "I Don't Drink, I Don't Smoke, I Don't do drugs - At Least I can fuckin' think! [...]" (Eu não bebo, eu não fumo, eu não me drogo - Pelo menos eu consigo pensar, porra!). Na verdade, os três xis (XXX) tiveram sua origem em um trabalho artístico feito pelo baterista do Minor Threat, Jeff Nelson, no qual foram substituídas as três estrelas da bandeira da cidade natal da banda (Washington D.C.) pelos xis, usado na capa da coletânea "Flex Your Head" (lançada pela Dischord Records em 1982).

É muito comum tatuar o símbolo do X tanto na mão quanto em outras partes do corpo, ou usá-lo em roupas, button, patches, etc…

O X é considerado uma marca de negação e identidade. Colocá-lo em um nome pessoal ou de banda é uma prática comum para os straight edges.

Para algumas pessoas, o X é encarado como um rótulo, ou como uma espécie de segregação, elitismo. Na verdade, desenhá-lo tornou-se algo (contra)cultural para os adeptos, assim como os rebites e moicanos da cultura punk.

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